Contemplo o que não vejo
É tarde, é quase escuro
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro.
Por cima o céu é grande
Sinto árvores além,
Embora o vento abrande,
Há folhas em vaivém.
Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.
Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou
Não sinto, não sou triste,
Mas triste é o que estou.
Fernando Pessoa
Contemplar o que não ver é "sentir", como se sente as "árvores além".
ResponderEliminarAbraços e bom final de semana.
Valdeir,
ResponderEliminaré verdade..., o Valdeir conseguiu em poucas palavras transmitir o que alguns não conseguem com muitas...
Quanto não vale uma Alma sensível!
Um beijo grande e bom fim-de-semana!